Eduardo Barbosa ▪ 06 jan 2024
O protagonista de Maestro é Leonard Bernstein. Um maestro e compositor de música erudita nascido em 1918 no Massachusetts. É o próprio Cooper quem o interpreta. Repete a mesma dobradinha diretor e ator vista em A Star is Born (2018). Mas o roteiro não está muito interessado em trazer a trajetória musical de Bernstein para o primeiro plano da trama. Então, não espere por um daqueles filmes biográficos que esmiuçam desde os primeiros anos de vida até os últimos anos do personagem principal. O foco do roteiro é no relacionamento cheio de altos e baixos do maestro com uma atriz. A música é um pano de fundo. E por vezes isso fica evidente nas tantas cenas musicais que deixam o filme arrastado e podem agradar os amantes de música erudita, não o espectador comum.
O filme começa mostrando um Bernstein que se relaciona com homens. Relações efêmeras. O incidente incitante do roteiro está localizado logo nos primeiros minutos quando o músico precisa substituir outro maestro e conduz a Filarmônica de Nova York sem partitura, apenas de memória. Cooper aproveita para retirar a cartilha de técnicas de direção do bolso e joga na tela tomadas panorâmicas, atuações típicas dos anos 50, planos-sequência, fotografia em preto e branco e em cores. Parece um parque de diversões de um estudante de cinema recém-formado. Produz um filme vistoso.
Logo nas primeiras cenas de Maestro estão as pistas para o núcleo da história. Bernstein está fazendo alguma gravação quando interrompe o trabalho e diz que sente muita falta da companheira. É um aviso para o espectador de que este é um conto sobre luto ou fim de relacionamento. Portanto, não se trata de saber se o casal fica junto ou não, mas como eles se separam.
A mulher por quem Bernstein se apaixona é Felicia, interpretada por Carey Mulligan. Os dois vivem um relacionamento longo e com filhos. Mas a atração do marido por homens é o grande obstáculo da convivência pacífica entre eles. A homossexualidade de Bernstein não é segredo para ela, mas isso não a faz aceitar seu casos extraconjugais. O músico continua vivendo seus romances efêmeros como na época de solteiro. E o filme explora cada encontro como se batesse insistente na tecla de exposição de um relacionamento heterossexual de fachada. Felicia tenta desesperadamente se colocar como o único alvo amoroso do marido. Implica com as visitas masculinas de sua casa. Vigia-lhe os passos nas festas. Nada adianta. O espectador pode ter um déjà-vu com esta personagem. Quem já viu O segredo de Brokeback Montain (2005) de Ang Lee entende a sensação de imediato. Carey Mulligan faz uma cópia de sua personagem do filme de Ang Lee.
Em suma, Maestro é um filme para agradar à academia. É bem dirigido. As atuações são excelentes. Fica bonito na tela. Mas a história é lenta e chata e suas duas horas de duração cansam.
Ano: 2023
Duração: 2h 11min.
Direção: Bradley Cooper
Roteiro: Josh Singer e Bradley Cooper.
Elenco principal: Bradley Cooper, Carey Mulligan e Matt Bomer
Origem: EUA