Eduardo Barbosa ▪ 19 set 2023
Labidi (Aurélien Gabrilli) é um jovem escritor que mora em Paris. Um dia ele vai visitar os pais, donos de uma cafeteria, em Lyon e se apaixona por uma cliente, Elisa (Louise Chevillotte). Poderia ser só mais um romance de sessão da tarde com os problemas comuns de sempre, mas Louda Ben Salah aposta em um antagonista poderoso: a pobreza.
Labidi não tem trabalho e não tem dinheiro. Seus recursos financeiros vêm sempre seus pais. Quando Elisa, uma estudante, chega em sua vida, ele sofre com essa falta. Eles saem para jantar e ele só tem algumas moedas. Ela tem que pagar a conta. Ele a leva para o apartamento minúsculo no qual mora com um colega. A geladeira está vazia e ele sai para buscar o jantar no supermercado. Mas como não tem dinheiro precisa roubar alimentos. O romance se mantém de pé até Labidi decidir comprar um apartamento para viver definitivamente com Elisa. Ela também não tem dinheiro. Logo, as contas chegam e os conflitos se instalam na nova casa. Para piorar, Labidi assinou um contrato para escrever um romance, mas as crises, tanto com o relacionamento quanto financeira, minguaram sua criatividade.
O filme produz um retrato realista da vida amorosa de um jovem de classe baixa. E também discute a posição social do escritor de ficção, retirando-o de um lugar de glamour e da fama, fantasiado por muitos que desconhecem o ofício, e finca os pés do espectador em uma realidade dura. A vida de Labidi tem tudo para dar errado. Pelo menos é isso que a construção de personagem aponta no começo da trama. No entanto, apesar de carregar nas tintas das agruras de um jovem de classe social baixa, Ben Salah opta no final por um desfecho de conto de fadas. É agua com açúcar aos litros. O filme termina tão adocicado que soa um tanto falso. Mesmo com um final discutível, vale a pena ver o filme. As atuações são excelentes, a direção é boa. No geral, é um bom filme.
Título original: Le Monde Après Nous
Elenco principal: Aurélien Gabrielli, Louise Chevillotte e Saadia Bentaïeb